quinta-feira, 11 de março de 2010

O Tempo

Você sabe o que é tempo? Já parou para pensar? Não pare... continue...

Tempo é uma entidade complicada. Talvez algum físico possa explicar, em palavras simples, o que ele é. Ele era absoluto, agora perdeu seu lugar para a tal de “velocidade da luz”. Não sabemos o que é, entretanto podemos medir o seu “andamento”. Então desde ontem a essa hora você já “andou”: 24 horas; ou 1440 minutos ou 86400 segundos. Não é interessante saber que você gastou 86400 segundos desde ontem a essa hora? O que você fez nesses segundos? Não diga que não teve tempo.

Tempo é o mais democrático de todos os elementos que existe. Todo mundo tem 24 horas por dia. Você não pode guardar, vender; dar; ou deixar de usar. Ele vai passar.

Medimos o tempo com relógios. Se você já teve um relógio de ponteiros deve lembrar uma coisa: é ali o único lugar onde um grandão é mais rápido do que um pequenininho. Acho que quem inventou o relógio era um baixinho; faz um grandão correr... correr... correr...para chegar sempre.... no mesmo lugar.

Podemos não saber o que é, mas conseguimos medir, desde há muito tempo. Primeiramente com bastões de tempo, até que Galileu notou que o candelabro da igreja ia e voltava sempre no mesmo tempo. Como ele fez isso se não havia relógio? Segundo a história, ele mediu o tempo através da sua pulsação (naquela época não existia coração acelerado). Daí para a invenção do relógio foi uma questão de tempo.

Gostaria que alguém me explicasse por que o dia tem 24 horas e o relógio só marca 12. Acho que o baixinho inventor do relógio quis complicar as coisas.

Acho que é por isso que, às vezes, o tempo passa mais rápido – quando você esta com a pessoa amada - e em outras mais lentas – quando alguma coisa chata esta acontecendo - não chega a hora nunca. Isso acontece muito freqüentemente durante as partidas de futebol.

Curiosamente, acontecem as duas coisas ao mesmo tempo: ele passa rápido demais para uns e lento demais para outros. É caso de se pensar!!

Há tempo de plantar. Tempo de colher. Há tempo pra tudo. Não há tempo pra nada. Enfim, o tempo está em nossas vidas e não vai nos deixar.

Os poetas dizem que o tempo resolve tudo: Dê tempo ao tempo! Como se o tempo precisasse de mais tempo, ou se você pudesse dar seu tempo... ora os poetas... Também é um santo remédio: O tempo cicatriza todas as feridas!

Hoje temos mais tempo, mais do que nossos avós; vivemos mais. Conseguimos! Retardamos o tempo. Ganhamos tempo; não pergunte pra quê.

Aumentamos o ritmo das atividades para ganhar algumas horas no dia, só pra fazer mais coisas, que tomam mais tempo, até ficar tudo igual ao que era.

Quem inventou o relógio parece que sabia que iríamos aumentar as atividades até ficar tudo igual, tal qual os ponteiros do relógio voltamos ao início.

Há tempo pra tudo. É tempo de acabar. Para não fica chato!!


Colaboração Eduardo Armellini

segunda-feira, 1 de março de 2010

BLOG DA TCHURMA
UM ANO COM OS AMIGOS DOS BONS TEMPOS
blogdatchurma.blogspot.com
O tempo passou e me
formei em solidão

Saudade do compadre e da comadre

A família reunida em volta da mesa, de casa ou da pizzaria... que saudade!

Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite. Ninguém avisava nada, o costume era chegar de pára-quedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenavam. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida.
Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa.. A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos do leite...
Que saudade do compadre e da comadre
!
Colaboração Vagner Pehrsson, texto de José Antônio Oliveira de Resende, professor da Universidade Federal de São João del-Rei