sábado, 29 de agosto de 2009

O Pluto é filho da Pluta!


Criado no início da década de 40 pelo genial Walt Disney depois de uma turnê pela América Latina, o simpático malandro Zé Carioca é a personificação caricaturada da imagem que o americano médio tem do brasileiro. Ou, nas palavras do nosso forasteiro João Bosco “é como nos viam. Talvez como se fôssemos mais uma das Banana Republic, a la Somoza ou, la Joaquin Balaguer... Um povo "alegre", "legal", com muitas mulheres bonitas e "liberais", que vive o dia inteiro na praia e, o ano inteiro pensando em "carnival". Eis as reflexões de nosso forasteiro...

Anos atrás, a Camel lançou uma campanha promovendo os cigarros Camel, que fez um sucesso imenso. Para tal, criaram um personagem chamado Joe Camel. Caracterizaram um camelo "malandro", sempre cercado de amigos, jogando sinuca; aquilo que no Brasil chamaríamos de o bom "malandro"...
Foi um sucesso! Todavia, descobriram que Joe Camel era, também, um sucesso muito grande entre as crianças e que, portanto, incentivava o hábito do fumo, já que Joe, indefectivelmente, carregava um cigarro no bico, a la Keith Richards...
A campanha foi tirada do ar e nunca mais se falou em Joe Camel... Isso, porque ele fumava. Imagine se bebesse, num país onde a lei-seca, criada muito antes de Zé Carioca, ainda é uma memória viva...
Vou lhe contar outro episódio: logo quando cheguei aqui, encontrei num supermercado um sujeito que estava casado com uma brasileira. Estávamos juntos na fila do caixa. De algum modo, ela percebeu que eu era brasileiro e, puxou conversa. Assim que cada um pagou suas compras e saímos da área do caixa, oh desgraça: o americano grandalhão, meio barrigudo, animou-se e, não sei lá quais demônios o moveram, o sujeito começou a dançar a "dança da garrafa", na época estilo muito praticado no Brasil, em público.
Claro, a garrafa era imaginaria mas, nem por isso a cena era menos ridícula. Eu não sabia o que fazer... Quase cheguei a jurar que era argentino e, não brasileiro, a ver se desanimava o desatinado dançarino. Só não o fiz por medo de que, ao invés de dança da garrafa, ele passasse a dançar um tango e, você sabe, tango só se dança a dois... Vai que o homem me tira para dançar...
Então, para ser sincero, é assim, sim, que eles nos vêem: um povo "alegre", "legal", com muitas mulheres bonitas e "liberais", que vive o dia inteiro na praia e, o ano inteiro pensando em "carnival". Americano que me conhece, já não se aproxima de mim falando destes assuntos. Já expliquei que trabalhamos muito e que, o RJ e a Bahia, compõem um outro Brasil, para o bem ou, para o mal e, aqui, estou pronto para levar pedradas de baianos, zé-cariocas e fluminenses...
A Disney fez muita coisa bonita, é inegável. Entretanto, muita gente já ouviu falar disso, pergunta-se porque seus personagens foram criados todos tios e sobrinhos. Não há mães e pais. Recentemente, soube que o cão que caracteriza o Gilberto, sobrinho do Pateta, ganhou um pai. Nunca vi isso, mas confio na informação. Há, sim, uma exceção: O Pluto é filho da Pluta!!!

Em tempo: Soube que a brasileira que era casada com o americano apreciador da “dança da garrafa”, faleceu...


João Bosco

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