sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Sobre araras, papagaios, maritacas e piratas

Papagaio come milho.. e a maritaca leva a fama?

Não é de hoje que o talento do Bosquinho com as palavras é reconhecido, admirado e incentivado pela tchurma. A cada texto, um recado interessante, uma crítica feroz, sempre mesclado com uma pitada de sutil sarcasmo... O texto abaixo é uma resposta ao profe Emir, publicado no Leninha News - e ainda o desdobramento de seu relato da passagem de seu Ano Novo, publicadao aqui sob o título "Araras em Salt Lake ...."

"Falando de araras, um papagaio puxa o outro. Então, lembrei de um acontecimento em que uma amiga da Marilda foi vítima de piratas de papagaio. Isso mesmo: piratas de papagaio e, o contrário, não. Eram piratas pernambucanos, desses que não têm um dedo mindinho...
Não, não tem pirata argentino... então, vai pernambucano, mesmo. O caso é o seguinte: nossa amiga aguardava o sinal verde do farol que existe na esquina da Ramiro Colleoni com o Caminho do Pilar, quando outra "coisa" verde surgiu na janela de seu carro. A princípio, pensou tratar-se de um espanador, desses vendidos por ambulantes que ambulam Brasil afora...
Nossa amiga não é ornitóloga, como a maioria das pessoas o é, mas identificou a "coisa" como sendo um pássaro... pássaro verde. A mão que o segurava, sem o dedo mindinho, era a mesma mão que anos mais tarde iria afagar o Brasil. Mas, voltemos ao caso. Sem ser indagado, o sujeito barbudo, que usava um surrado uniforme da Villares, informou tratar-se um filhote de papagaio; um Psittaciformezinho, como diria o Emir...
Papagaio é ave rara e cara. Meio compadecida, meio entusiasmada com a idéia de ter uma ave falante, Miriam - esse é o nome da amiga - pagou o preço pedido, sem direito a barganhar...
Nunca esqueceu o detalhe: reparou que o pirata guardou o dinheiro na cueca. Sem jeito mas, com cuidado, segurou o frágil ente emplumado entre as mãos e seguiu o caminho para sua casa, ansiosa por acomodar sua nova companheira/o. Tarefa das mais difíceis, é identificar o sexo dos papagaios. É preciso esperar que cresçam e possam, então, falar qual é o sexo. Sempre ha o risco de que possam mentir mas...
Nossa amiga tomou como uma promessa a ser paga, o trabalho incessante de ensinar o papagaio a falar. Apesar do insucesso, nunca desanimou. Assim foi até o dia em que lhe pagamos uma visita. Não sou ornitólogo, como a maioria das pessoas o á, mas, pude, sem dificuldades, verificar que o papagaio era, a bem da verdade, uma maritaca. Alias, uma bela maritaca, bem tratada, plumagem completa, impecável. Tinha um olhar que parecia ser um pouco envergonhado, outro tanto, divertido...
Expliquei a amiga que tratava-se de bicho ordinário e, às vezes, odiado por plantadores de arroz... Barulhenta, não falaria jamais... Quando muito, emite um estalo, seco, irritante... Minha amiga não externou a desconfiança com que recebeu meu diagnóstico para sua aquisição mas, internamente conservou a esperança de que a ave viesse a falar, um dia.
Prosseguiu nas aulas diárias, com paciência e determinação... Anos mais tarde, voltei a visitar Miriam e sua maritaca que, nunca veio a falar, honesta em sua condição de maritaca. Quanto a Miriam, reparei que a certos intervalos, emitia um estalo seco, irritante... desagradável.
Abraco a todos,"
João Bosco

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