Aqui estou de regresso, atrasado depois de dez dias não programados na China e, diga-se de passagem, copiando aquele personagem do filme CARANDIRU: "... sem chance..." Aquilo é o Inferno na Terra, os opostos expostos a cada cem metros, de um lado da rua muito dinheiro correndo solto e aos borbotões; do outro lado, a necessidade, a fome e a falta de apadrinhamento por alguém influente a olhos vistos.O controle pelo Estado aos visitantes e habitantes comuns é total e eles fazem questão de demonstrar isso - como que para deixar exemplo. Não existe individualidade, existe somente o coletivo, onde os governantes e os poderosos valem 100%; ao passo que o proletariado, ou seja, os comuns não valem nada. São formigas de um formigueiro facilmente substituídas por outras que brotam aos milhares nas zonas de pobreza total.
Eu já ouvira falar disso, cheguei até a imaginar como seria. Mas "vendo com meus próprios olhos", "presenciando acontecimentos deprimentes de violência contra o proletariado" bem na minha frente, cheguei à conclusão que os anos da usurpação do poder pela ditadura no Brasil foram "brincadeirinha" perto do que lá acontece.
Do momento em que o avião na ida entrou no espaço aéreo da China até o momento em que fiz a primeira conexão na volta eu fiquei sem internet. Em nenhum momento consegui liberação da conexão com a Internet por parte das autoridades chinesas. Minhas ligações telefônicas eram monitoradas em tempo integral e sem nenhuma privacidade. Um horror; me senti um verdadeiro preso político (imagino o que sofreu o Vlado, preso dentro da sua própria pátria).
Mas vamos parar com esses fatos deprimentes; aqui estou de regresso, morrendo de saudades de tudo e de todos.
Jair Dezotte
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