terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Educacao, ou a falta dela...

Ainda sobre o tema ensino publico, universidades, etc., segue abaixo artigo escrito por Gilberto Dimenstein da FSP, onde este comenta o resultado da prova a qual foram submetidos 214 mil professores, pela Secretaria da Educacao de SP.

Pra quem nao tem paciencia para ler o artigo:

- 3.000 professores tiraram ZERO. Nao acertaram uma unica questao do teste.
- Pelo menos 50% dos professores tiveram nota menor que CINCO.
- Somente 111 tiveram nota DEZ.
- E bom ressaltar que, isto aconteceu no Estado de SP, o mais desenvolvido da Federacao. Imagine o que anda por ai, Brasilzao afora.

Dimenstein aponta como "...grande desafio brasileiro, atrair talentos para escolas publicas...". E eh aih, exatamente neste ponto, que me assalta grande desanimo: O Brasil tem dinheiro, e muito, para "atrair" talentos. Eu nao posso de modo algum acreditar que, pessoas cujo oficio eh cuidar da ordem civica e institucional, nao enxerguem o quanto eh barato arrancar o pais desse lodacal. Nao tenho outra saida, a nao ser admitir que se trata de caso de policia.
O assunto eh extenso e, nao gostaria de esgarcar a paciencia dos colegas com minhas rasas consideracoes a respeito do tema. Procurarei ser sucinto, que as pessoas sao ocupadas, tem pressa e, suas proprias urgencias.
Por mais boa feh com que se possa abordar a questao, nao eh possivel pedir a nacao que espere que os bons numeros da economia tragam como SEGUNDA consequencia, como sub-produto, melhor qualidade de vida. A ordem esta invertida, senao, subvertida. Eh possivel, como jah comprovado por outros paises, atravessar momentos dificeis na economia, sem afetar o bem-estar minimo das pessoas(O Japao esteve em recessao por toda a decada de 90 - a chamada "decada perdida"). E, este bem-estar minimo so pode ser proporcionado por uma sociedade bem educada. Eh dela que sairao os legisladores que irao criar leis eficazes. E, nao haverao leis que "pegam" e leis que "nao pegam"... As grandes coisas, sao compostas de outras pequeninas, as vezes dificeis de ver a luz do cotidiano. A violencia urbana, um dos grandes monstros que aterroriza as pessoas, tem como um dos componentes mais importantes, a ignorancia. Declinarah muito havendo educacao, porque, entre outras coisas, sera ensinado o respeito a vida, o valor da vida, a beleza da vida. Nao se pode esquecer da infernal cadeia de miudas contrariedades a atazanar a vida do pedestre cidadao. Eh
o onibus que nao para no ponto para o idoso, eh o motorista que dirige como um alucinado, eh o sujeito que senta no banco de idosos e finge dormir para nao ceder o lugar, e a grotesca falta de educacao no transito(merecia um Tratado), eh a fila, sempre extensa nos bancos e reparticoes, sao as ruas mal planejadas, construidas por empresas corruptas, assaltadas por politicos corruptos e, que trazem como resultado final, vias publicas estreitas, ruins, de mah engenharia; verdadeiras armadilhas para o motorista, eh o policial corrompido pelo salario bandido que estah sempre a colocar em cheque seu carater, eh o menino abandonado pelas ruas, aprendendo a ser bandido, quando deveria estar na escola, aprendendo a ser cidadao, eh o empresario patife pagando salarios aviltantes, quando gasta imorais fortunas consigo mesmo (nada contra o justo premio a quem arrisca seu suado capital na economia), eh o governo dando esmola aos mesmos cidadoes aos quais negou escola e, por tabela, dignidade, e deputados e senadores meliantes a fazer leis para que outros obedecam... Eh cultural o valor exagerado que se dah ao material, ao efemero, em prejuizo do espiritual, ao perene. Vivemos em uma sociedade "descartavel". Envelhecer eh "falha" imperdoavel, passivel de esquecimento, o que eh a morte em vida. Enfim, eh o caos. Garanto; dificilmente este estado de coisas prosperaria em meio a uma sociedade educada. Ao menos, nao a niveis tao degradantes. Segue o artigo:

"08/02/2009
Professor nota zero

Dos 214 mil professores que se submeteram à prova da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, 3.000 tiraram zero: não acertaram uma única questão sobre a matéria que dão ou deveriam dar em sala de aula. Apenas 111, o que é estatisticamente irrelevante, tiraram nota dez. Os números finais ainda não foram tabulados, mas recebo a informação que pelo menos metade dos professores ficaria abaixo de cinco. Essa prova tocou no coração do problema do ensino no Brasil, o resto é detalhe.

Como esperar que um aluno de um professor que tira nota ruim ou mediana possa ter bom desempenho? Impossível. Se fosse para levar a sério a educação, provas desse tipo deveriam ser periódicas em toda a rede (assim como os alunos também são submetidos a provas). Quem não passasse deveria ser afastado para receber um curso de capacitação para tentar se habilitar a voltar para a escola.

A obrigação do poder público é divulgar as listas com as notas para que os pais saibam na mão de quem estão seus filhos. Mas a culpa, vamos reconhecer, não é só do professor. O maior culpado é o poder público que oferece baixos salários e das universidades que não conseguem preparar os docentes. Para completar, os sindicatos preferem proteger a mediocridade e se recusam a apoiar medidas que valorizem o mérito.

O grande desafio brasileiro é atrair os talentos para as escolas públicas --sem isso, seremos sempre uma democracia capenga. Pelo número de professores reprovados na prova, vemos como essa meta está distante. "

Um comentário:

Nei Souza disse...

O que acrescentar ao que já foi dito aqui na perspicaz análise do Bosquinho e à denúncia do Dimenstein? Ambos são felicíssimos em suas colocações. Gostaria apenas de ressaltar que esse “grande monstro que aterroriza as pessoas” chamado violência urbana; a miséria cruel e assassina que ainda seiva vidas por esses sertões do país; a desavergonhada corrupção dos nossos políticos que a cada novo dia nos envergonha mais e mais, nada mais são que reflexos diretos dessa falta de educação. Com a palavra, nossos mestres...